5.8.02

E S C R I T A . A U T O M Á T I C A
O Surrealismo pregava a revolta contra tudo aquilo que reprimia a liberdade. E nada é mais livre que os nossos sonhos, nosso subconsciente. Assim, imagens visuais do subconsciente são usadas sem qualquer intenção de realizar um trabalho artístico lógico e compreensível. O subjetivo e o ilógico acima de tudo. Imagens incongruentes deveriam aflorar da imaginação. O automatismo psíquico "ditava as regras": filtros ou qualquer outro tipo de censura ao inconsciente não eram admitidos. Valorizava-se o sonho, o devaneio, a loucura. Só com mudanças psicológicas profundas no indivíduo é que se poderia chegar a uma verdadeira transformação social e política - como transformação social e política, entenda-se acabar com o capitalismo.

Um "método" bastante empregado pelos surrealistas foi a "escrita automática". A escrita automática consistia em escrever tudo aquilo que vem à mente, sem cortes. As associações de idéias mais obscuras e ilógicas então apareceriam.

Sobre a escrita automática, há uma passagem bastante curiosa envolvendo André Breton e Otavio Paz:

No final da vida, André Breton recebeu o jovem poeta mexicano Otavio Paz, que, intrigado, perguntou:
- O que o senhor está fazendo, mestre?
- Escrita automática.
- Mas vejo o senhor usar a borracha a todo o momento.
- Ainda não está muito automática.

[Retirado do jornal O Globo, 19/ 08/ 2001]

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