27.3.06

TOO MUCH COFFEE



Eva_tout est factice diz:
lalalalalala
Eva_tout est factice diz:
(sorry, nao durmi NADA essa noite, nao fumo há quatro dias e estou em estados alternados de consciência)
|zm| diz:
alternados ou alterados?
Eva_tout est factice diz:
alterados e alternados
Eva_tout est factice diz:
tive uma discussao de relacionamento com um robô

23.3.06

MAS TÃO BONITO

ouça
  Robert Doisneau (1912-1994)

Há vários modos de matar um homem:
com o tiro, a fome, a espada
ou com a palavra
- envenenada.
Não é preciso força.
Basta que a boca solte
a frase engatilhada
e o outro morre
- na sintaxe da emboscada.

[Affonso de Sant'Anna]

20.3.06

FELIZ ANO, NOVO

o novo
não me choca mais
nada de novo
sob o sol

apenas o mesmo
ovo de sempre
choca o mesmo novo

(paulo leminski)

15.3.06

PEIXE-SE

kozyndan

, e no entanto, nada igual. desfolha-se a brisa - qual noite entreaberta; bandeiras ao tempo, suspiros em lá. a lua cheia encoberta. nosso movimento (órbitas sem centro) sussurra um alento espalhado no ar. aprendo a amar, sim, esse momento, como todos os outros ou, ainda mais. (há quanto tempo foi, tudo? quanto tempo ainda virá?) as coisas e seus valores: panos, lenços, aventais; lençóis, chegadas, partidas, quase-idas, vai-vens e ai-não-dá. (ah, dai-nos tudo, é tudo nosso! é tudo en-cantos, sinais, tudo em varais coloridos - tempestade a definhar - em panos limpos, macios, desenhado em traço fino, desajeitado hai-kai, nossas coroas de flores, reis sem reino, amor sem ai. quero tudo e quero agora, quero de-novo e de-mais.) desdobra a vela e te lança, estúpida nave, vai lá, rasgando as águas noturnas e silenciosas do cais; de onde lancei-me em mim mesma, afundei sem respirar, virei peixe, água, polvo, evaporei, deixei sais. ou, delicado origami, nasça em suave desdobrar, qual camélia despencada numa noite sem luar.

14.3.06

A VERDADE SOBRE OS FATOS

(capítulo II - a perguiça do criador)

Estando Deus® refastelado em recamiê eterno, teve sede. E pensou em todo o trabalho que tivera criando o mundo e todas as coisas. Exausto e desgostoso com tanta burocracia para conseguir o líquido sagrado, não teve dúvidas. Criou, à Sua imagem e semelhança, o Homem®; e o chamou de:

- Garçom!

E pediu-lhe uma Coca ("com limão e gelo, Senhor?", ah, como eram perfeitas todas as cousas), e outra e outra e outra. E outra, e outra e outra mais. Até que, tempos passados, o homem pensou que merecia um descanso. Então Deus® criou para ele o dia-de-folga, o churrasco e a laje; e ficou ali, a contemplar a Eternidade e toda Sua maravilhosa criação. Porém, entediado e sem mais gelo, pôs-se a divagar sobre qual seria a forma mais-que-perfeita. Foi quando criou a Berinjela©.

13.3.06

A VERDADE SOBRE OS FATOS

(capítulo I - no princípio era o caos)

A escuridão, as trevas, o negrume. Eis que então Deus® criou o abridor de garrafas. Uma simples e perfeita forma de aço. No segundo dia Deus criou o copo, cristalino e puro como o ar. E o ar, pra ter efeito de comparação. No terceiro dia, criou a pedra de gelo; e com os testes mal-sucedidos, os polos sul e norte. No quarto dia Deus® disse: haja limão; e limão houve. No quinto dia, Ele o fez em rodelas. E o espremeu. No sexto dia Deus® criou a sede, o Tim Maia e os motivos pra beber. Até que, ao alvorecer ressaquento do sétimo dia, com todas as coisas perfeitamente configuradas em formato de idílico paraíso domingueiro, sem que nada faltasse, sobrasse, estivesse quente ou sem gás, Deus® fez:

- Tssssssssssssss.

E a Coca-Cola™ se espalhou sobre a face da Terra.

[Continua! Não percam eletrizante relato sobre a criação do homem, a mulher e a berinjela!]

6.3.06

E É SEMPRE ASSIM


 
"às vezes eu fico imaginando de que forma que as coisa acontece... primeiro vem um dia; tudo acontece naquele dia. ate chegar a noite - que é a melhor parte. mas logo depois vem o dia outra vez, e vai, vai, vai. e é sem parar."

(Lígia, a loba do avenida - em Amarelo Manga)


NOBODY LOVES, NOBODY GETS HURT


Sossega, nega, não se morre de amor nos trópicos. (O tio tenta uma filosofia de consolação para a amiga que sofre e pena entre a Angélica e Augusta como se fosse num inferno verde de fitzcarráldica fábula babilônica labiríntica, danou-se! a menina nas asas da hipérbole-helicóptera.) Te juega, nega, aqui não se morre disso. Se o jovem Werther aqui fosse nascido, até choraria um tanto o seu infortúnio, mas já já algum vagabundo passaria na sua casa e eles iriam tomar um ele & ela (caldinho com cachaça) na Várzea ou no Pina, freguesia do Recife, iam tirar uma onda na barraca de Jesus ou no seu Rainha, na mesma cidadela invicta, iam tomar uma com Franciel, pura ingresia da Bahia, lá nas beiradas do mercado de São Joaquim. (...) Sossega, preta, roga uma praga neste peste e pronto, cai de novo na lama milagrosa do hedonismo. E se a vida atropelar, de nuevo, na mesma curva, anota a placa, menina, e arrisca no bicho.

[Não se Morre de Amor nos Trópicos, Xico Sá]

Recife a cinqüenta reais de distância, corações solitários. Vejam só que oportunidade.

3.3.06


O QUE RESTOU DA CAMISA



"Quando era criança eu queria ser um escritor porque escritores eram ricos e famosos. Eles ficavam em Cingapura e Rangoon fumando ópio em ternos de seda amarelos. Cheiravam cocaína em Mayfair e penetravam pântanos proibidos com um garoto nativo e viviam em Tânger fumando haxixe e languidamente acariciando uma gazela..."

[William S. Burroughs, em ensaio não publicado]

viu, Ronaldo? é assim que faz. ópio em cingapura, pântanos proibidos, gazelas. e não cachaça no Mercearia, domingão no Ibira, e... bem, as gazelas. me abstenho de comentários.

1.3.06

QUARTA FEIRA DE CINZAS NO PAÍS


ah que bom se sesse.
(e todos meus problemas ficassem resolvidos por decreto)