21.12.13



Romero Britto está em alta, disse ele.

#mercado #arte






‪#‎forahaoles‬ ‪#‎fikespertohaole‬


16.11.13



'Petista' militante desde os anos 80, não estou triste hoje pela prisão do José Dirceu e José Genoíno.

Me entristece, e não é de hoje, saber que os meandros do sistema político deste país ainda permitam, aliás tornem quase que padrão, os desvios, a corrupção, o caixa 2 e outras práticas vergonhosas.

Me entristece saber que o governo que, a meu ver, conseguiu conquistas incomparáveis no campo social não conseguiu isso sem sujar as mãos.

Me entristece ver a imprensa dar tanta atenção ao Mensalão, chamando-o de 'maior escândalo da História' e quase NENHUMA aos escândalos de corrupção tucanos, que oneraram os cofres públicos pelo menos dez vezes mais.

Me entristece por exemplo, saber que Paulo Maluf, procurado pela Interpol, inegavelmente tendo enriquecido de forma ilícita, não esteja nem de longe correndo o risco de ser preso.

Me deixa indignada - e preocupada - ver o judiciário usar mal e porcamente o recurso do domínio do fato, de uma maneira que nem o Ives Gandra Martins nem o autor da teoria conseguiram defender, condenando absolutamente sem provas um dos réus. Mesmo que ele seja culpado.

Me deixa triste lembrar as humilhações públicas que sofreu Luiz Gushiken, antes de ser inocentado.

[a lista poderia continuar ad infinitum]

Se de fato os réus do mensalão foram culpados, não me permito ficar triste com sua condenação (dura lex, sed lex); e nem concordar em tentar transformá-los em mártires ou ~presos políticos~ nem nada do gênero. Pode ser perseguição, implicância, até injustiça - mas prisão política não é.

Porém, noves fora, por comparação com outros partidos, outros governos, e por acreditar que as medidas tomadas nas questões primordiais como redução da miséria, taxa de analfabetismo, injustiça social e outras tantas do governo do PT são as mais acertadas - inclusive pelos seus resultados; e mesmo um tanto decepcionada com os parcos avanços em áreas como reforma agrária, ambientalismo, legalização das drogas etc, posso dizer:

Não, até o momento eu não perdi, nem por um minuto, a vontade, o orgulho de ser petista.

[foto: Débora Cruz]
É, mantenho minha cabeça em pé
Fale o que quiser, pode vir que já é
Junto com a ralé, sem dar marcha à ré
Só Deus pode me julgar
Por isso eu vou na fé

15.11.13

Parabéns e continue sempre assim, linda e livre



Fatos curiosos sobre a História do Brasil: Em todo o período presidencialista no Brasil até a conclusão do primeiro mandato do presidente Lula, não havia um único caso em que dois presidentes eleitos de forma democrática tenham concluído seus mandatos sucessivamente.

De 1889 até hoje, praticamente 1/3 dos Presidentes da República deixou de concluir seu mandato devido a golpe, falecimento ou renúncia. Ao menos dois deles por conta de pressões devido a boatos de um possível golpe que estaria em curso para instaurar uma ditadura comunista; e outros dois, após tentativa de fazer uma reforma agrária. Ou seja:

#táfácil #keepwalking

10.11.13

Que tal se nós dois vivêssemos
Do jeito que nós quiséssemos
Sem nada que aborrecesse-nos
Que tal se tudo tivessemos?

4.11.13

31.10.13

Selvagem


Um homem imagina que é um pássaro. Está de tal maneira convencido de que é um pássaro, que agita os braços como se batesse as asas. E imita com impressionante graça o arrulho da rola selvagem. E faz biquinho. E sobe às árvores e aos beirais. E alimenta-se de milho e de outras sementinhas. E faz a corte a outras rolas. E é morto com um tiro certeiro de caçadeira.






[a tradição dos homens de vestir-se como animais e monstros selvagens desde o neolítico nunca deixou de existir e ainda é muito viva nos dias de hoje. por dois anos, o fotógrafo francês Charles Fréger viajou por 19 países europeus para tentar capturar o espírito do que ele chama de europa tribal, em sua série "wilder mann". o que ele encontrou: uma enorme variedade de rituais pagãos, principalmente relacionados com o solstício de inverno e de renovação da primavera - e muito similares entre si]


+ o fotógrafo tem uma série de fotos de fantasias de carnaval do Brasil:
http://www.charlesfreger.com/works/index.php?UserSerie=Fantasias

29.10.13

Nem nesse concurso de miss eu teria chance



Miss Postura Correta

O concurso “Miss Postura Correta” consistia em uma bateria de testes nas candidatas, incluindo um raio-x da coluna vertebral. Alguns quiropráticos analisavam a estrutura corporal da candidata e, após a análise de todos os testes, elegiam a vencedora.
Na imagem, as finalistas do “Miss Postura Correta”, de 1956, realizado em Chicago. Terceiro lugar para Ruth Swenson (à direita), segundo lugar para Marianne Baba (à esquerda) e a vencedora Lois Conway (ao centro).

Gio Zaneratto // Imagens Históricas

Foto: Wallace Kirkland

27.10.13

Foi no fim dos anos 80, com esta versão da travesti e multiartista Claudia Wonder para 'Walk on The Wild Side' que eu conheci Lou Reed.
Valeu Claudia. Valeu Lou.


Extraído do show Ao Vivo no "Espaço Alquimia / SP", na década de 80

Pra saber mais sobre Claudia Wonder:
http://www.youtube.com/watch?v=159I5cQkbx4


Rua Augusta,
baita rua.

23.10.13

Liberdade de expressão, vida privada, direito de ir e vir: procure saber

  • Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
    • V - o pluralismo político
  • Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vidaliberdadeigualdade,segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
    • IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
    • VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
    • IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
    • X. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
    • XV - e livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
  • Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
    • § 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

22.10.13

Belchior, sobre biografias:
Minha vida que parece muito calma
Tem segredos que eu não posso revelar
Escondidos bem no fundo de minh'alma
Não transparecem nem sequer em um olhar
Vive sempre conversando à sós comigo
Uma voz eu escuto com fervor
Escolheu meu coração pra seu abrigo
E dele fez um roseiral em flor

5.10.13

Parada do velho novo



Eu estava sobre uma colina e vi o Velho se aproximando, mas ele vinha como se fosse o Novo.

Ele se arrastava em novas muletas, que ninguém antes havia visto, e exalava novos odores de putrefação, que ninguém antes havia cheirado.

A pedra passou rolando como a mais nova invenção, e os gritos dos gorilas batendo no peito deveriam ser as novas composições.

Em toda parte viam-se túmulos abertos vazios, enquanto o Novo movia-se em direção à capital.

E em torno estavam aqueles que instilavam horror e gritavam: 'Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós!' E quem escutava, ouvia apenas os seus gritos, mas quem olhava, via pessoas que não gritavam.

Assim marchou o Velho, travestido de Novo, mas em cortejo triunfal levava consigo o Novo e o exibia como Velho.

O Novo ia preso em ferros e coberto de trapos; estes permitiam ver o vigor de seus membros.

E o cortejo movia-se na noite, mas o que viram como a luz da aurora era a luz de fogos no céu. E o grito: 'Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós!' seria ainda audível, não tivesse o trovão das armas sobrepujado tudo.

-- Bertold Brecht (via /filipesaraiva)

28.9.13

Minha filha falou que queria falar de um assunto polêmico com potencial pra estragar o dia, eu "QUÊ, VAI DEFENDER ALTERNÂNCIA DE PODER?"

Era: viajar pra casa da vó nas férias (2014 vai ser um longo ano).

20.9.13



CONDE CHIQUINHO SCARPA



Cavalheiro da mais fina estirpe inventada, no fundo não é mais que um conde papalino - honraria decorativa e, segundo alguns, não-transmissível, conferida pela Igreja Católica ao seu pai, em retribuição a donativos; porém ostenta seu título e herança com mais garbo e galhardia que qualquer membro legítimo da família Real luso-brasileira. Em uma deliciosa combinação de luxo e riqueza com sincera cafonice, exibe sua vida no Facebook como todos nós, ora mostrando 'seu melhor', em caricatos trajes brancos e chapéu panamá durante viagem pelo Mediterrâneo, ora revelando puerilmente intimidades como seu quarto de dormir. Nunca nós, os mais de 100 mil seguidores do seu perfil, estivemos tão próximos da nobreza antes.



Em Scarpa, até a afetação é genuína. Cuecas com monogramas, suspensórios, roupas sob medida, lenços no bolso e abotoaduras, seus trajes e maneiras são tão típicos do que nós, plebeus, entendemos por um conde, que parecem uma caricatura. Chiquinho, não sendo conde, imita um conde à perfeição - tanta, que parece nem ser verdade (e realmente não é). O que pode ser mais autêntico do que isso?

Francisco não precisaria trabalhar; seu pai, também Francisco, falecido recentemente aos 103 anos, era rico suficiente para poupar seus descendentes dos dissabores da vida proletária por várias gerações. Mas trabalha, administrando empresas da família e como instrutor de aikidô - mais uma de suas excentricidades. No entanto, último dos Scarpas, sua verdadeira função social é ser playboy - ou como ele prefere, bon vivant; Chiquinho mereceria ser tombado como patrimônio cultural intangível de uma high society em extinção. Seus romances memoráveis, suas aventuras em Saint Tropez, entrevistas bombásticas, casamentos e divórcios midiáticos, misteriosos problemas de saúde e financeiros, quedas espetaculares e voltas por cima em rodopios morais sem derramar um pingo da taça de espumante nos transformam em espectadores privilegiados de uma adorável e legítima comédia de costumes.

Sua vocação para o humor e a polêmica  não é de hoje: em 1991 foi alvo de discursos indignados na Câmara dos Deputados por ter declarado, em entrevista para a Interview, ser dono de uma "criação de anões", que alugaria para trabalhar como garçons. Obviamente era mentira, mas o Conde precisou se explicar. Assim como precisou pedir desculpas ao Rainier III de Mônaco por ter insinuado um caso de amor com a princesa Caroline - outra de suas piadas incompreendidas.

Da vida nada se leva
Esta manhã o Conde colocou mais uma cereja em cima do bolo de sua incomum biografia. Depois de uma semana em que virou novamente assunto na mídia, nas redes e das conversas de bar ao anunciar uma excentricidade sem precedentes - enterrar no jardim um carro de sua coleção, avaliado em R$ 1,5 milhão, a exemplo dos faraós - Chiquinho revelou de maneira teatral, para dezenas de veículos de imprensa, entre jornais, revistas e emissoras de TV: era tudo uma farsa por uma boa causa: atrair a atenção para uma campanha de doação de órgãos.

“Eu fui julgado por querer enterrar uma Bentley, mas a verdade é que a grande maioria das pessoas enterra coisas muito mais valiosas que meu carro. Elas enterram corações, rins, fígados, pulmões, olhos. Isso sim que é um absurdo. Com tanta gente esperando por um transplante, você ser enterrado com seus órgãos saudáveis que poderiam salvar a vida de várias pessoas, é o mais desperdício do mundo. O meu Bentley não vale nada perto disso. Nenhuma riqueza, por maior que seja, é mais valiosa que um único órgão, porque nada é mais valioso do que uma vida", anunciou Scarpa.



Sim; nada é mais valioso do que uma vida. E uma vida bem vivida, melhor ainda. Só gente muito mal-humorada e de visão limitada pra não apreciar todas as reviravoltas da saga do Conde Scarpa em nome de uma visão reducionista da luta de classes.

E se a vida do Conde, como a de todos nós, não se mede em valores materiais e sim em boas histórias pra contar, embora já tendo recebido duas extrema-unções, Scarpa segue ainda construindo, de anedota em anedota, seu verdadeiro legado para o mundo - mesmo não realizando seu maior sonho: "Quero ter filhos. Se eu não tiver filhos, a família Scarpa morre comigo. Mas quer saber? Se terminar comigo está bem terminado."

E quem há de discordar?

* * *
Leia mais: perfil do Conde, por Mario Mendes (no fim da reportagem); e mais detalhes das travessuras do enfant terrible Chiquinho, por Cristina Ramalho para a Vogue RG

(*) Galeria de esquizoídolos

18.9.13

Dentro da baleia a vida é tão mais fácil



A baleia é sua casa, sua cidade,
Dentro dela guarda suas gravatas, seus ternos de linho.

Dentro da baleia a vida é tão mais fácil,
Nada incomoda o silêncio e a paz de Jonas.

Quando o tempo é mau, a tempestade fica de fora,
A baleia é mais segura que um grande navio.

Da série Coisas que amo: "Mestre jonas" interpretado pelos Mulheres negras no plano-sequência de abertura do filme Durval Discos descendo a Teodoro Sampaio pré-cidade limpa, cheia de cartazes, fliperamas, botecos, chaveiros, lotéricas, lojas de discos, instrumentos e bugigangas, a rua da minha adolescência.

Que São Paulo a conserve sempre assim, tosca e linda.

* * *

Aqui, o também excelente videoclipe:


4.9.13

life is a horizontal fall



nenhuma novidade; e ao mesmo tempo, tudo novo sob o sou.

2.9.13

A vida, ela não tá fácil pra ninguém


[John Wayne as a pink rabbit, 1969]


[Lou Reed as a chicken, 2000]

29.8.13

São Paulo sem carro



A segunda edição do guia Como Viver em SP sem Carro vem com uma pesquisa exclusiva, novos personagens, dicas de passeios e de serviços para quem quer deixar o carro em casa. A pesquisa é bem interessante e revela uns dados surpreendentes. Um deles comprova algo que dá pra sentir facilmente: 38% dos paulistanos usam o carro apenas nos fins de semana, como eu. Dá pra entender porque sábado é dia de pegar congestionamento até quando se vai até ali comprar pregos, roupas, o jantar? É meus amigos, não adianta achar que vai ser relaxante aquele passeio até o Ibirapuera, se você ficar preso no trânsito da Av. Brasil e depois passar duas horas procurando vaga. Precisamos pensar em alternativas, isso é fato.

E se o paulistano (em números relativos e não absolutos) está andando menos de carro, como ele está chegando ao seu destino? Bem, quase 80% dizem que estão indo a pé. E provavelmente chegando mais rápido. Por volta de 70% estão usando variações de ônibus, metrô e trem. Uns 15%, nos qual me incluo, trocaram o carro por outro carro, compartilhado, e estão usando táxi. E um pouco menos de 10% estão usando bicicletas, provando que a combinação trânsito agressivo baseado em veículos motorizados + ladeiras íngremes (ah, o adorável relevo do planalto paulista) são ainda um obstáculo para nos tornarmos uma Holanda tropical. Haverá solução? Autor e personagens do livro apostam que sim; o tempo dirá.

O livro foi idealizado pelo empresário Alexandre Lafer Frankel e escrito pelo jornalista Leão Serva. As fotografias são da Roberta Dabdab. E as ilustrações, claro, são minhas :)

O lançamento é hoje na Livraria da Vila da Al. Lorena, e tem mais aqui: 

18.8.13

Ancestralidade, atavismo e outras bossas

em 18 de agosto de 1227, falecia o imperador Gêngis Khan; em seus 72 anos de vida, o líder mongol amealhou o maior império em extensão que um único homem já conquistou, da costa do oceano pacífico ao mar cáspio. fora isso, uma pesquisa realizada por geneticistas da universidade de oxford afirma que 0,5% da população masculina do mundo possui cromossomos Y característicos dos mandatários mongóis. e estes carregam uma assinatura genética que descende de um único cromossomo fundador - suspeita-se que ele seja de Gêngis Khan.

Fonte: aventuras na história

19.7.13

Aquella noche eterna


Take me out tonight
Because I want to see people
And I want to see lights
Driving in your car

13.7.13

12.7.13

how long is highway to hell


O Google Street View encontrou os portões do inferno: http://bit.ly/18er59v

(clique e dê um passinho à frente)

4.7.13

cada cabeça é um mundo


World map in a Fool’s Head, 1590

* * *

Tudo o que você precisa saber sobre o gigante, por Ian Uviedo Fini:

"Bom, última terça feira eu acordei com a revolução acontecendo, nem liguei. 'Até que isso é bom, irá ocupar um monte de gente' foi o que pensei. Lá pras 14 h começaram a gritar e provocar moradores ou motoristas. Quando eu voltava do trabalho, o transito tava horrível, eu precisava saber por quê.

Perguntei para um motoboy ao lado do meu carro:
'o que está acontecendo?'

Ele me respondeu:
'veja você mesmo.'

Nesse momento eu vi se erguer um homem de pelo menos 75 m de altura; fiquei muito assustado, nunca tinha visto um gigante de verdade antes. O detalhe engraçado é que ele tinha uma cabeça de cão, igual à minha. Quando cheguei em casa liguei minha TV, os noticiários falavam desesperadamente deste gigante, é óbvio, não se pode relaxar com um gigante à solta pelo mundo." 



24.6.13

a rua e eu






Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia – o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.

João do Rio, em 'A alma encantadora das ruas'
fotos Daido Moriyama

23.6.13

dois


se todos na terra reconhecerem a beleza como bela
dessa forma se pressupõe a feiura.
se todos na terra reconhecerem o bem como o bem,
deste modo se pressupõe o mal.

a existência e a inexistência geram-se uma pela outra
o difícil e o fácil completam-se um ao outro
o longo e o curto estabelecem-se um pelo outro
o alto e o baixo comparam-se um pelo outro
o som e o tom são juntos um com o outro
o antes e o depois seguem-se um ao outro

portanto
o homem sábio realiza a obra pela não-ação
e pratica o ensinamento sem dizer nada

os dez mil seres agem, mas não para se realizar
iniciam a realização mas não a possuem
concluem a obra sem se apegar
e justamente por realizarem sem apego
não passam.


- tao te king, lao tzu

29.5.13

Subterranean Homesick Blues

Bebê é resgatado de tubulação de esgoto na China





Eu vi uma linda cidade cujo nome esqueci
onde anjos surdos percorrem as madrugadas tingindo seus olhos com
lágrimas invulneráveis
onde crianças católicas oferecem limões para pequenos paquidermes
que saem escondidos das tocas
onde adolescentes maravilhosos fecham seus cérebros para os telhados
estéreis e incendeiam internatos
onde manifestos niilistas distribuindo pensamentos furiosos puxam
a descarga sobre o mundo
onde um anjo de fogo ilumina os cemitérios em festa e a noite caminha
no seu hálito
onde o sono de verão me tomou por louco e decapitei o Outono de sua
última janela
onde o nosso desprezo fez nascer uma lua inesperada no horizonte
branco
onde um espaço de mãos vermelhas ilumina aquela fotografia de peixe
escurecendo a página
onde borboletas de zinco devoram as góticas hemorróidas das
beatas
onde os mortos se fixam na noite e uivam por um punhado de fracas
penas
onde a cabeça é uma bola digerindo os aquários desordenados da
imaginação

Roberto Piva, Paranóia (1963)

* * *
nas fotos: bebê é resgatado de tubulação de esgoto na China
(nascer é quase sempre um parto)

28.5.13

24.5.13

Everybody must get stoned



Well They'll stone you and say that it's the end
They'll stone you and then they'll come back again
They'll stone you when you're riding in your car
They'll stone you when you're playing you guitar
Yes But I would not feel so all alone
Everybody must get stoned
Alright


parabéns mr. bob,
vida longa ao rei.

21.5.13

Vida louca vida


Em 1993 mais ou menos - 20 anos atrás, portanto - fui num show do Lobão, em um parque ali perto da Paulista. O repertório estava bem baladinha e meu melhor amigo na época, o Menezes, cismou que o Lobão tinha que cantar algo do Deep Purple ou do Kiss (!?). Quando eu me distraí, ele estava lá em cima do palco batendo boca com o cantor - que na época estava numa onda bossa nova qualquer nota, e passou quase uns 20 minutos dando lição de moral na 'juventude que não estava entendendo nada". Meu amigo tomou uns pescotapas do segurança, umas latadas dos fãs, e fomos pra casa sob o sol do outono, pensando em como o dia tinha sido histórico. Pelo menos para nós.

Não sei por que lembrei disso hoje.

17.5.13



Morreu hoje Videla, o milico que esteve no poder na Argentina durante toda minha infância. Não comemoro nenhuma morte, nem mesmo a dele, nem mesmo sabendo que ele era o rei da corja de assassinos que fodeu a vida de tanta gente legal, incluindo meus pais e amigos nos anos negros da ditadura. Mas comemoro que tenha morrido na cadeia, condenado a prisão perpétua por seus crimes, sem direito a honras militares, e que tenha tanta gente disposta a cuspir em seu caixão.

12.5.13

Só as mães



Dia das mães, mais uma daquelas datas que o capitalismo fez o favor de inventar. Mas graças a isso, pelo menos uma vez por ano somos levados a lembrar de algo que poderíamos lembrar todo dia: de agradecer pelas nossas mães (sim, todos temos uma) terem nos carregado durante nove meses, pelo trabalho de botar a gente pra fora também (parto normal ou cesária, nenhum dos dois é fácil), e por tudo que veio depois - tenha sido pouco, muito ou suficiente. E pra não correr o risco de parecer que também estou puxando a brasa pra minha sardinha, como mãe posso dizer: que é isso, esforço nenhum, faria o mesmo mil vezes se precisasse.

6.5.13

You can rest assured

Not a word was spoke between us.
There was little risk involved.
Everything up to that point
Had been left unresolved.
Try imagining a place where
It's always safe and warm.



from the Rolling Thunder Revue, at Fort Collins, Colorado, 23 May 1976; adoro essa versão, muito mais otimista. já deletaram do youtube, do dailymotion, de um site chinês de vídeos que não lembro o nome. agora está no vimeo (e no meu desktop).

18.4.13

Minha rede social é o amor



Jazz Messengers > melhor que Instant Messengers 

Comédia

Buster Keaton

G. tenta chegar a uma lata de biscoitos que está fora do seu alcance. O esforço é tremendo.
G. sabe que a lata está vazia mas não desiste. A insistência é incompreensível.
O público ri.

(gosto tanto deste blog: http://last-tapes.blogspot.com.br)

17.4.13


CELACANTO
Considerados 'fósseis vivos', existem há 300 milhões de anos, sem grandes alterações na sua estrutura. Seria isso um sinal de um excelente nível de adaptação e evolução, assim como os tubarões? Ou seria o celacanto apenas um chato, que ouve Kiss FM e acha que a música hoje em dia é um lixo e bom mesmo era o AC/DC, Pink Floyd, Chico Buarque, Elis Regina, Tonico e Tinoco? Em todo caso, pra quem achava que ele estava extinto: olha ele aí. #aiaicaramba

Mais sobre o peixe fora do tempo aqui:
http://www.dinofish.com/
http://esquizofasia.blogspot.com.br/search?q=celacanto

(*) Galeria de esquizoídolos

9.4.13

8.4.13

O mesmo medo







Abolição da escravatura?
Mulheres com direito a voto?
Direitos trabalhistas pra doméstica?

E um só pavor.

Calma caras, lavar uma louça nem é tão terrível assim.

(imagens tiradas daqui)

1.4.13

Você precisa de alguém que te dê segurança


NOT PANIC: remain calm.
if HOT, do NOT open door
WALK DOWN

(pull fire alarm, baby, i'm on fire)

31.3.13

The same old song



why do we have to carry on?
always singing the same old song
same old song

22.3.13



Eu amo você paranoica
Seus olhos vidrados e duros
Me fazem sofrer
Eu nego você paranoica
Da boca pra fora,
No sangue eu não sei lhe esquecer
De dia você paranoica
É uma abelha assassina
Em busca de mel e poder
De noite você paranoica
Persegue o meu sono
Onde quer que eu procure me esconder

Oh, baby, o que é que me prende a você?

(Guilherme Arantes, puro rock'n'roll)

12.3.13

Também pudera



sempre quando que algo épico acontece no mundo, 
tem alguém pra subir no youtube, ainda bem.
#punkécompromisso

1.3.13

Águas de março


que venham a nós todos os mares, calmos ou bravios; rios subterrâneos, grandes águas atravessáveis, geladas com ou sem gás; lagos sobre lagos, nascentes, riachos, águas ancestrais; águas que levam, que trazem, que vão. e que tenhamos barcos e remos, braços, cordas, velas, ventos; e claro, alguma razão.