7.5.05

Era um momento sem medo e sem desejo

não espero muito, nem lembraria. talvez o que eu guardo ninguém recordasse. é um pequeno gesto, um dia feliz; uma coisa de milímetros, a distância entre o ser-estar e o não (e um pouco a mais ou menos de oxigênio no cérebro, isso sim. portanto inspire-um-dois-três-e-expire-devagar). os fatos sempre contra mim, ora danem-se os fatos. é tudo mentira e eu estou só. e como ninguém que sou, não me preocupo. nem com deus nem com os santos. nem com o mundo e nem com os tais fatos. eu sou o que lembro, portanto o que escrevo, ainda que inverdades. amanhece, sou outra e nem eu me reconheceria. o que seja imutável há, mas não sou eu quem o sabe, e quem vai dizer; o universo em expansão de nada sabe também. fora isso, o que mais? um dia frio como tantos, uma vaga lembrança de outros anos, um gosto, uma tarde, um gato, macio veludo, o elevador, ah, o cheiro de café e o táxi, meu velho e bom cavaleiro andante em seu cavalo branco: um a cada dia, conforme o solicitamos.

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