25.1.04

A TUA MAIS COMPLETA TRADUÇÃO


Recebi este texto de várias pessoas diferentes hoje, realmente é ótimo:

Ser Paulistano
450 anos de São Paulo. Mas o que é ser um paulistano? Ou melhor o que é este ser, o paulistano? Antes de mais nada é necessário esclarecer que para ser um paulistano não é preciso ter nascido por aqui. "Navegar é preciso, ser paulistano não é preciso". Confesso-me impotente diante de tal questão.

Será que é apenas ter Rita Lee como a mais completa tradução? Verificar a deselegância discreta de nossas meninas. Ou não ver onde está a elegância sutil de Bobô? Para alguns, é morar na cidade mais rica do país, para outros, apenas na mais triste. Tão triste e feia, que chega a ser fascinante e sedutora.

É ser tão possessivo a ponto de chamar todo mundo de "meu". Dizer que semáforo é farol e que picolé é sorvete. Ou será que ser paulistano é comer um "virado" na segunda, feijoada na quarta, pedir uma pizza por telefone nas noites de sexta e preparar um churrasco aos domingos? É considerar "dois pastel e um chopps", uma verdadeira refeição. "O paulistano só é solidário no almoço" Mas existem hábitos que identificam de longe um ser paulistano - frequentar padarias, ler o "Estadão" de domingo, amar ou odiar filas, amar ou odiar o Corinthians, e jurar de pés juntos (literalmente) que mora no melhor bairro da cidade.



"O paulistano é antes de tudo um forte"
Pode ser também, fazer compras no Brás ou no Bom Retiro, frequentar os bares da Vila Madalena ou as cantinas do "Bixiga", ou mesmo levar turistas para conhecer a mais paulista das avenidas. Homenagear o seu glorioso passado italiano e varrer para debaixo do "buraco do Ademar", suas influências nordestinas. Ser paulistano é "amar o shopping center, acima de qualquer outro Deus". Enfim, ser paulistano é aturar resignado, uma porção de filhos adotivos dizerem que odeiam a cidade, mas que daqui também não saem.

É nunca ter visto um adesivo "Eu amo São Paulo", nem mesmo uma camiseta "Lembrança de Sampa"; é não mandar um cartão postal da cidade, prá quem quer que seja, nem uma única vez na vida. O paulistano não quer paz para ir à praia, apenas para trabalhar. Trabalhar duro por doze meses, e quando enfim, estiver em férias, naquele cenário dos sonhos, ser mal atendido e pensar consigo mesmo - "Em São Paulo não seria assim..."

Reinaldo Pinheiro de Pinho

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