ROMERO BRITTO, o rei das cores
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1S9UYCPtzIWuuTgrwqqSYW7pJAjXDRUh-vWtdV6P1oTPp2EU0FM4fprXc1gortU_CGe3GV7mTFBvT5WcYJMUkj7bOrHZVrSScSm7NnHFBM-_Joze7dOLHZt2g3G_uypDQsYBC/s1600/romero-britto.png)
"A minha arte é sobre o amor e a alegria."
Existe uma conexão entre um brasileiro que pinta seus móveis e seu carro com aquela estampa inconfundível, de cores vibrantes, e outro que enfeita seu muro, sua rua, sua casa, com o mesmo padrão.
Algo conecta profundamente dois brasileiros cansados do cinza da cidade e do bege sujo da sua pobreza e que procuram reformar o mundo carregando forte nas tintas e padrões, usando uma fórmula fácil, pueril - mas muito eficaz.
Existe sim, uma conexão firme, natural e sincera entre os dois; mesmo que o carro do primeiro seja uma Ferrari de 1,5 milhão de reais e a alegre estampa que enfeita a casa do segundo tenha vindo em forma de lata de panetone, copo de requeijão, ou seja apenas uma imitação.
Essa conexão existe porque tem a mesma origem, a mesma premissa, a mesma intenção. E principalmente, porque em ambos os casos, para seu juízo estético, romerobrittozar o mundo significa: torná-lo melhor.
“Na condição de criança pobre no Brasil, tive contato com o lado mais sombrio da humanidade. Passei a pintar para trazer luz e cor para minha vida. Minha família era muito pobre. Criar era um refúgio: eu pintava um mundo colorido, diferente do meu”
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1v4WJslOeqO05f7e-CHa996pYoJoVZojhFSrg1c7c0MuD0wfjUul2aa6iQe0hdfPTFXETaNNmDHUw7YTepWCVXxyv9VeC-P7vGmyUVjOFlGAhlZJWLI-LOAVWAfPjFT64RBNy/s1600/Romero-Britto-2.png)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinFq36HCAJv2QLh2roo1HugZ8Vu4mJBRUOMQkpulpe3W-nxkmBPTbhnrb2VaIjujDTv1j_O_n6wwN-lVlxP7GamnZg9IUD-oP10R0MbTQPJdxFZOVKPdkBGEIpmXWIVz4pStQA/s1600/obra-romero-1.png)
Foi assim que essa identidade visual infantil, colorida e brasileira, com origem na periferia de Recife, chegou a Miami (nossa ensolarada e cafoníssima embaixada nos EUA), se meteu em galerias respeitadas, em casas de celebridades, fez a meia-volta e voltou pra se espalhar pelo seu país de origem. O bom filho à casa torna: os traços e a cor foram como influência, e voltaram como cópia.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDM9FyS-rVNDAybZDuoMlJP3BgzF0LBOQZN37lgRj-gbyyqA_mbgehSBOONh3AyLURDnd3jjcXvjPJUPwvrXn5qsdu3qIfAUzxWCjztBdhgVZi4Vlf7r6gWEf1A8H1gR830CO6/s1600/Captura+de+tela+2015-05-03+a%CC%80s+14.54.03.png)
Loja de artesanato local - Olinda, Pernambuco
E - para horror da elite cultural, de artistas conceituais mal remunerados, de designers minimalistas e adeptos do estilo nórdico de decoração - caiu no gosto popular.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7VXDBZzoD3vTAAP6N9wgLJ8ndA51h5-_Qg_DNdTutwxwf15Smnwu81WR6oCXaGQ01p5AMX0V36MfiDhR3Jjxg7dqOzYTc9RlmbQk59m4KIzhl_bmMArG7YKs9uXQkwBBNiyBe/s1600/100_1683.png)
E - os síndicos do bom-gosto curtindo ou não, achando que isso é arte ou não** - de um jeito torto, Romero Britto inventou (ou reinventou) a cara de um Brasil mais colorido.
Reproduzida, distorcida e replicada à exaustão por dentro ou fora das casas, em marcas famosas, semi-famosas, em artesanatos, móveis, cangas, panos de prato, pratos e copos, bolos, unhas, próteses dentárias, aventais, a tendência se disseminou de uma forma que nem em sonhos o artista que, quando jovem, pensava em ser diplomata 'para representar o Brasil', poderia imaginar.
A melhor obra do Romero Britto é justamente a que não é ele quem faz.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTPsuxZymUZSBoWTGkaxKF6p3kuI2NfPAJkfrK9ccBc4_x61Fe8ZI3xXcYAw2wvjVU50G0nCSSnEXFVjZVa5f5L-UDoix_4e1fBvDXcdiWn7qrF28PeeWaysH0SASamgvBp_uE/s1600/Captura-de-tela-2014-06-03-.png)
O avesso do avesso do avesso do avesso do avesso
(*) Galeria de esquizoídolos
(**) Para avançar na discussão estética, recomendo o texto "Por que é fácil odiar Romero Britto", de Rafael Trabasso, publicado no IdeaFixa |