31.10.13

Selvagem


Um homem imagina que é um pássaro. Está de tal maneira convencido de que é um pássaro, que agita os braços como se batesse as asas. E imita com impressionante graça o arrulho da rola selvagem. E faz biquinho. E sobe às árvores e aos beirais. E alimenta-se de milho e de outras sementinhas. E faz a corte a outras rolas. E é morto com um tiro certeiro de caçadeira.






[a tradição dos homens de vestir-se como animais e monstros selvagens desde o neolítico nunca deixou de existir e ainda é muito viva nos dias de hoje. por dois anos, o fotógrafo francês Charles Fréger viajou por 19 países europeus para tentar capturar o espírito do que ele chama de europa tribal, em sua série "wilder mann". o que ele encontrou: uma enorme variedade de rituais pagãos, principalmente relacionados com o solstício de inverno e de renovação da primavera - e muito similares entre si]


+ o fotógrafo tem uma série de fotos de fantasias de carnaval do Brasil:
http://www.charlesfreger.com/works/index.php?UserSerie=Fantasias

29.10.13

Nem nesse concurso de miss eu teria chance



Miss Postura Correta

O concurso “Miss Postura Correta” consistia em uma bateria de testes nas candidatas, incluindo um raio-x da coluna vertebral. Alguns quiropráticos analisavam a estrutura corporal da candidata e, após a análise de todos os testes, elegiam a vencedora.
Na imagem, as finalistas do “Miss Postura Correta”, de 1956, realizado em Chicago. Terceiro lugar para Ruth Swenson (à direita), segundo lugar para Marianne Baba (à esquerda) e a vencedora Lois Conway (ao centro).

Gio Zaneratto // Imagens Históricas

Foto: Wallace Kirkland

27.10.13

Foi no fim dos anos 80, com esta versão da travesti e multiartista Claudia Wonder para 'Walk on The Wild Side' que eu conheci Lou Reed.
Valeu Claudia. Valeu Lou.


Extraído do show Ao Vivo no "Espaço Alquimia / SP", na década de 80

Pra saber mais sobre Claudia Wonder:
http://www.youtube.com/watch?v=159I5cQkbx4


Rua Augusta,
baita rua.

23.10.13

Liberdade de expressão, vida privada, direito de ir e vir: procure saber

  • Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
    • V - o pluralismo político
  • Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vidaliberdadeigualdade,segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
    • IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
    • VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
    • IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
    • X. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
    • XV - e livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
  • Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
    • § 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

22.10.13

Belchior, sobre biografias:
Minha vida que parece muito calma
Tem segredos que eu não posso revelar
Escondidos bem no fundo de minh'alma
Não transparecem nem sequer em um olhar
Vive sempre conversando à sós comigo
Uma voz eu escuto com fervor
Escolheu meu coração pra seu abrigo
E dele fez um roseiral em flor

5.10.13

Parada do velho novo



Eu estava sobre uma colina e vi o Velho se aproximando, mas ele vinha como se fosse o Novo.

Ele se arrastava em novas muletas, que ninguém antes havia visto, e exalava novos odores de putrefação, que ninguém antes havia cheirado.

A pedra passou rolando como a mais nova invenção, e os gritos dos gorilas batendo no peito deveriam ser as novas composições.

Em toda parte viam-se túmulos abertos vazios, enquanto o Novo movia-se em direção à capital.

E em torno estavam aqueles que instilavam horror e gritavam: 'Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós!' E quem escutava, ouvia apenas os seus gritos, mas quem olhava, via pessoas que não gritavam.

Assim marchou o Velho, travestido de Novo, mas em cortejo triunfal levava consigo o Novo e o exibia como Velho.

O Novo ia preso em ferros e coberto de trapos; estes permitiam ver o vigor de seus membros.

E o cortejo movia-se na noite, mas o que viram como a luz da aurora era a luz de fogos no céu. E o grito: 'Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós!' seria ainda audível, não tivesse o trovão das armas sobrepujado tudo.

-- Bertold Brecht (via /filipesaraiva)