31.3.16

Em 2005 foi criado o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto no dia 27 de janeiro, aniversário da libertação de Auschwitz em 1945, para homenagear vítimas do nazismo e lembrar dos horrores do nazismo.

No mesmo ano, Argentina criou um feriado, o Día Nacional de la Memoria por la Verdad y la Justicia, no dia 24 de março, aniversário do Golpe Militar de 1976, para que seja impossível não tocar no assunto. Milhares saem às ruas anualmente em memória dos milhares de desaparecidos e pra dizer: nunca mais.

Por aqui, o dia ideal para uma efeméride semelhante seria hoje, 31 de março, data em que o presidente João Goulart foi deposto e marca o início da Ditadura Militar e dos mais terríveis 21 anos da história do país.

Enquanto isso não acontece, vale aproveitar pra relembrar os fatos que ocorreram naqueles tempos e o que aconteceu a seguir: repressão, perseguições políticas, cassação de direitos individuais, entreguismo, crise econômica, corrupção, endividamento, censura, torturas, assassinatos. A lista é longa e triste. E o pior: não estamos imunes a repetir.

Pra saber mais:

Golpe Militar 1964 (documentário)


Jango (documentário)


A grande partida: Anos de Chumbo (documentário com depoimentos de vítimas da ditadura)


18.3.16



Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não?

17.3.16

O mito da cordialidade

"'Somos cordiais' significa em primeiro lugar que agimos pelo coração - mesmo quando odiamos. (…) Existe um ódio que Euclides da Cunha notou como se fosse do sertão, ao dizer que havia um encontro entre o Brasil do litoral, civilizado, do século XIX com o Brasil antigo, violento - como se o ódio não fosse uma característica do Brasil, e sim dos grotões. (...) 
Vocês devem lembrar que na escola não aparece a expressão 'guerra civil' em toda a História do Brasil. Nós não utilizamos essa expressão quando o Rio Grande do Sul se separa durante dez anos do resto do Brasil; não utilizamos essa expressão na Cabanagem, na Sabinada ou na Balaiada; não utilizamos na revolução de 1932. Todos esses movimentos são revoltas regenciais, movimentos constitucionalistas, abriladas, movimentos liberais. Nós vivemos 'agitações', nunca guerra civil. Ora, se guerra civil é uma guerra de pessoas contra pessoas de um mesmo país, nós temos vivido sistematicamente episódios de guerra civil; inclusive disfarçadas ou iminentes, como na campanha da legalidade ou nas reações, ainda que fracas, ao golpe militar de 64. (...) 
Evitar a expressão 'guerra civil' quer dizer que nós evitamos a denominação da violência. Conseguimos dizer apenas expressões eufemísticas, uma maneira de atenuar nosso horror estrutural a imaginar que nós sejamos violentos. (...) 
A questão crucial da história brasileira é de que a violência é sempre do outro; nunca é minha. Ela é sempre um espanto, sempre inexplicável, só tem sentido no outro. Então constato que, por incrível que pareça, nós somos um povo profundamente pacífico, cercado de gente violenta por todos os lados."

Vale a pena gastar horinha e meia nessa ótima palestra do historiador e comentarista do Jornal da Cultura Leandro Karnal sobre o ódio no Brasil x o mito da cordialidade brasileira (e do ser humano em geral) pra entender porque isso não é, nem de longe, uma novidade.
Cheguei em casa e tinha atualização do java

Cês não imaginam como eu fiquei feliz. Que bom que ainda podemos ter algumas certezas.

13.3.16

Os meios para a compreensão: a idéia e o indivíduo


"Em geral se aconselha a governantes, estadistas e povos a aprenderem a partir das experiências da história. Mas o que a experiência e a história ensinam é que os povos e governos até agora jamais aprenderam a partir da história, muito menos agiram segundo as suas lições. Cada época tem suas próprias condições e está em uma situação individual; as decisões devem e podem ser tomadas apenas na própria época, de acordo com ela. No torvelinho das questões mundiais nenhum princípio universal e nenhuma memória de condições semelhantes poderá ajudar-nos — uma reminiscência imprecisa não tem força contra a vitalidade e a liberdade do presente. Nada é mais oco do que os apelos tantas vezes repetidos aos exemplos gregos e romanos durante a Revolução Francesa; nada é mais diferente do que a natureza destes povos e a de nosso próprio tempo."

"Uma primeira olhadela na história nos convence de que as ações dos homens emanam de suas necessidades, suas paixões, seus interesses, suas qualidades e seus talentos. É como se realmente nesse drama de atividades todas essas necessidades, paixões e interesses, fossem a causa e o principal motivo da ação. É verdade que este drama envolve também objetivos universais — benevolência ou nobre patriotismo, virtude e objetivos esses deveras insignificantes no vasto quadro da história. Talvez se possa ver o ideal da Razão realizado naqueles que adotam tais objetivos e na esfera de suas influências; entretanto, seu número é mínimo em proporção à massa da raça humana e sua influência, proporcionalmente limitada. Paixões, objetivos particulares e satisfação de desejos egoístas são, ao contrário, formidáveis motivos de ação. Sua força está em que eles não respeitam nenhuma das limitações que a lei e a moralidade impor-lhes-iam e no fato de que estes impulsos naturais estão mais próximos da essência da natureza humana do que a disciplina artificial e maçante que tende à ordem, ao autodomínio, à lei e à moralidade.

Quando examinamos este mostruário de paixões e as conseqüências de sua violência, o absurdo associado não apenas a eles, mas até (diríamos antes especialmente) com os planos bons e os objetivos honestos e quando vemos surgir daí o mal, o vício, a ruína que ocorreram aos reinos mais florescentes que a mente humana jamais criou, mal podemos evitar encher-nos de tristeza com essa mancha universal de corrupção. E, como esta decadência não é obra da natureza simples, mas da vontade humana, nossas reflexões podem muito bem levar-nos a um pesar moral, uma repulsa pela vontade boa (o espírito) — se é que esta tem realmente espaço dentro de nós. Sem exagero retórico, um simples relato verdadeiro das desgraças que destruíram os mais nobres governos e as mais nobres nações e os melhores exemplares da virtude privada forma um quadro assustador, despertando emoções da mais profunda e mais desesperançada tristeza, sem a compensação de um resultado consolador. Podemos suportá-lo fortalecendo-nos contra isto apenas pensando que assim deveria ser — é o destino, nada se pode fazer. Por fim, saindo do aborrecimento com que esta dolorosa reflexão nos ameaça, voltamos à vitalidade do presente, para nossos objetivos e os interesses do momento. Resumindo: voltamos ao egoísmo que está na praia tranqüila, gozando em segurança o distante
espetáculo do naufrágio e da confusão."

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich, que não foi invocado a toa, em 'A Razão na História'

Obrigada, mundo, por ser assim.
não vou porque não
não vou porque não
não vou porque não
não vou porque não
não

11.3.16


‪#‎VoltaFamíliaTufão‬

6.3.16



recalque bombando por não ter tocado essa no show que eu fui :(((
que baita música, galere.

3.3.16